Hoje foi dia de exame nacional de Português. E dia de greve dos professores. Além disso foi dia de vergonha nacional. De injustiça e desigualdade.
Greve dos professores anunciada à semanas. Governo e Nuno Crato a brincar ao braço de ferro. Não cederam. 1ºErro: os direitos dos alunos deveriam ser prioridade.
Por volta das 9hrs as escolas secundárias de todo o país encheram-se com os estudantes do 12ºano que vinham realizar o seu primeiro exame desta temporada. Meia hora depois e a maioria das salas fechadas, nada de professores para vigiar e como tal impossível realizar o exame. Na minha escola abriram três salas das mais de vinte previstas. 2ºErro: os directores da escola consentirem a realização dos exames a uma minoria, ainda por cima, sem os secretariados de exame em funcionamento.
A revolta dos alunos foi geral. O propósito dos exames nacionais foi violado. Nós, alunos que ficámos cá fora, decidimos protestar, entrar nas escolas e gritar pela justiça. Foi uma revolta fundamentada tendo em conta a situação vergonhosa que estava a decorrer. Eu orgulho-me de dizer que quis entrar nas salas, que quis impedir esta injustiça, que quis acabar com esta fantochada. Nalgumas escolas conseguimos entrar, noutras não mas os gritos de revolta foram mais que muitas, as canções já usuais foram entoadas assim como o hino nacional.
Aqui em Braga a grande concentração de alunos deu-se no Liceu Sá de Miranda, eu estive lá e senti a união de todos. Foi bonito de se ver.
Agora falando do que aconteceu nas salas de exame em escolas de todo o país: professores sem formação de exames a vigiar (do 1º, 2º e 3ºciclo e até educadoras de infância), professores de português, alunos com telemóvel, 80 alunos numa cantina com 2 professores vigilantes, portas fechadas, copianço...de tudo um pouco se encontrou. No, já referido, Liceu Sá de Miranda os alunos além de terem os 120minutos e 30 de tolerância tiveram outros 30 (120+30+30) devido à desestabilização causada por nós, alunos contestatários.
O facto de os secretariados de exame estarem fechados levou a fugas de informação e outras irregularidades, consta que alguns alunos antes de estarem em exame já teriam acesso ao enunciado.
Exame feito em situações deploráveis por uma minoria.
Agora o mínimo seria anular este exame e remarcar outro igual para todos os alunos. Tudo isto a fim da igualdade para todos os alunos. Não se justifica haver 2 exames diferentes, não tem sentido. É ridículo. Vejo alunos que fizeram o exame a dizer que é injusto anularem o exame que já fizeram mas não me parece. Acordámos todos à mesma hora hoje de manhã e estudámos todos para a mesma data, uns entraram na sala outros não. Não me parece que exista muita disparidade até aqui. E a fim de manter esta situação na base da igualdade e da justiça é de extrema importância a realização do exame por parte de todos numa nova data.
Outra situação que me tem incomodado bastante são alunos, e não só, atirar as culpas aos professores que estão apenas a lutar pelos seus direitos. Não está aqui em questão se compreendemos os seus motivos ou não, isso é irrelevante, mas sim o direito que estes como trabalhadores num país democrático tem à greve. Professores que na sua generalidade fazem tudo pelos seus alunos e só optam por esta greve porque não tem outra alternativa. Como sabemos sindicatos e governos nunca se entendem. Quanto à data da greve é mais que lógico que esta teria de ser feita numa data com impacto se não de que iria adiantar?
Professores e alunos estão juntos nesta luta. Não caiam no erro de engolir as cantigas do governo que mais não quer que culpabilizar os professores por algo que lhes é completamente alheio. Temos de nos unir a favor da escola pública, da educação de qualidade.
É preciso dizer basta. Não tarda e estamos na alçada de um regime fascista a perder a liberdade que tanto nos custou a conquistar.
Neste ponto da situação só nos resta unir forças para a anulação do exame realizado hoje. Vamos olhar para a colectividade e deixar de nos concentrar no nosso umbigo. Vamos agir, protestar, gritar em plenos pulmões pelos direitos que temos razão de exigir. Vamos deixar de culpabilizar os nossos professores, vamos pensar nos nossos colegas. Vamos pensar no futuro dos estudantes deste país.
Vamos pensar em Portugal.